Santa Maria Madalena
Quem ouve falar de Santa Maria Madalena, na maioria das vezes, lembra-se da mulher pecadora e de má vida do Evangelho. Poucos se recordam que dela foram tirados sete demônios (Lc 8,2) e que ela foi perdoada de seus numerosos pecados (Lc 7,47- Mc. 16,9).
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Muitos certamente ignoram que ela arrependeu-se do mal que praticou. Esquecem que ela viveu uma vida de penitente, que foi uma grande Santa. E que santificou-se por amar intensamente a Deus. Ninguém comenta que foi a propósito dela que Nosso Senhor disse: “Em verdade vos digo: em toda parte onde for pregado este Evangelho pelo mundo inteiro, será contado em sua memória o que ela fez”. (Mt 26,13) E… quem tem nela um exemplo de virgindade e pureza? Vejamos um pouco da história de Santa Maria Madalena.
As três Marias e Santa Maria Madalena
O Papa São Gregório Magno, foi um zeloso reformador da Igreja, foi quem estabeleceu regras para o canto e cerimônias litúrgicas na Igreja. Além disso ele foi também um grande estudioso da vida dos santos e das Escrituras Sagradas.
São Gregório Magno afirma que Maria Madalena, Maria de Betânia e Maria pecadora, citadas no evangelho, são a mesma pessoa. Por isso mesmo é que Santa Maria Madalena é, entre as mulheres, a que mais tem seu nome citado nos Santos Evangelhos.
Ela nasceu em Magdala e viveu no século I. Conheceu Nosso Senhor, foi contemporânea de Nossa Senhora, dos Apóstolos, dos primeiros cristãos. “E Lázaro (…) era seu irmão.” (Jo 11, 1-2). Ela era irmã de Santa Marta e de Lázaro, a quem o Mestre Divino ressuscitou. “Lázaro havia caído doente em Bethania onde estavam Maria e sua irmã Marta. Maria era quem ungira o Senhor com óleos perfumados e Lhe enxugara os pés com seus cabelos” durante um banquete do qual Jesus participava.
Ela escolheu a melhor parte…
“Jesus andava pelas cidades e aldeias anunciando a boa nova do Reino de Deus. Os doze estavam com Ele, como também algumas mulheres que tinham sido livradas de espíritos malignos e curadas de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios.” (Lc 8,2)
Madalena foi a mulher a quem Jesus exorcizou. (Mc16, 9). Depois disso, ela acompanhava Jesus, agradecida, contemplando sua divindade, amando a Deus, santificando-se. Santa Maria Madalena tinha uma alma admirativa e, por isso mesmo, era uma pessoa capaz de contemplar. Nas principais citações que o Evangelho traz dela sua admiração por Nosso Senhor fica destacada. E contemplar a Deus na Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo foi um dos pontos altos de sua vida.
Sem dúvida, ela exercia tarefas que estavam destinadas às Santas Mulheres, contudo, em suas atividades ela procurava dar mais importância ao “Deus das obras que às obras de Deus”: ela havia escolhido a melhor parte… Esta afirmação está contida nos Evangelhos, são palavras do próprio Nosso Senhor: “Jesus estava em viagem, e entrou em uma aldeia e uma mulher chamada Marta o recebeu em sua casa. Marta tinha uma irmã chamada Maria que se assentou aos pés do Senhor para ouvi-lo falar. Marta toda preocupada com a lida da casa, veio a Jesus e disse: Senhor não te importas que minha irmã me deixe só a servir? Dize-lhe que me ajude. Respondeu-lhe o Senhor: “Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a melhor parte, que lhe não será tirada.” (Lc 10, 38-42)
A escolha da admiração contemplativa
Muito embora ainda fosse uma pecadora, ela já havia dado mostras de sua escolha pela admiração contemplativa. Isso ficou evidente naquele banquete onde outras pessoas estavam com Jesus e não viam nele o Filho de Deus, mas um homem inteligente, esperto, talvez predestinado e, no máximo, um profeta:
“Um fariseu convidou Jesus a ir comer com ele. Jesus entrou na casa dele e pôs-se à mesa. Uma mulher pecadora da cidade, quando soube que estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um vaso de alabastro cheio de perfume; e, estando a seus pés, por detrás dele, começou a chorar. Pouco depois suas lagrimas banhavam os pés do Senhor, e ela os enxugava com os cabelos, beijando-os e os ungia com perfume.” (Lc 7, 36-38)
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Na Calvário, ali estava Santa Maria Madalena
Esta mulher contemplativa, a saber, esteve no Calvário. “Havia ali algumas mulheres (…) que tinham seguido Jesus desde a Galileia para o servir. Entre elas Maria Madalena.” (Mt 27, 55-56) É certo que durante a peregrinação na via dolorosa Santa Maria Madalena esteve ao lado da Virgem Mãe de Deus, Nossa Senhora, a quem ela admirava e venerava afetuosamente e que naquela ocasião era quem mais sofria espiritualmente as dores pelas quais seu Divino Filho passava para a salvação dos homens.
E essa, sem dúvida, foi uma ocasião oportuna que, aquela que muito havia pecado, encontrou para consolar quem nunca havia pecado. No Calvário, enquanto todos haviam fugido, “junto à cruz de Jesus estavam de pé sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas, e… Maria Madalena.” (Jo. 19,25).
Frutos do Amor a Deus
O amor contemplativo de Maria Madalena rendeu-lhe os melhores frutos. E estes frutos, portanto, não foram só o perdão de seus pecados e a graça de seu insigne e exemplar arrependimento. Outras graças espirituais ainda lhe foram concedidas por causa de sua admiração e amorosa contemplação da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade encarnada na Humanidade Santíssima de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Talvez a maior das graças recebidas por ela tenha sido dada por ocasião da Ressurreição do Divino Salvador: “Tendo Jesus ressuscitado de manhã, no primeiro dia da semana apareceu primeiramente a Maria de Magdalena, de quem tinha expulsado sete demônios.” (Mc. 16-9)
Seu amor a Nosso Senhor já tinha feito com que ela, após a morte do Salvador estivesse junto dEle também em Seu sepultamento. E, depois que a pedra foi rolada, “Maria Madalena e a outra Maria ficaram lá, sentadas diante do túmulo” (Mt. 27,61). No que pensava ela ali sentada? Não se sabe. A certeza que se tem é que ela não pensava em si, pois, Seu Senhor era sempre o centro de suas cogitações.
“‘Maria!’ Ela voltou-se e exclamou: ‘Rabôni!’ (Jo 20,16)
Passou-se a sexta feira, passou-se o sábado. “Depois do sábado, quando amanhecia o primeiro dia da semana, Maria Madalena, e a outra Maria foram ver o túmulo” (Mt 28,1). Ela descobriu o túmulo vazio e ouviu dois seres angélicos anunciarem a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ela seria a primeira testemunha da Ressurreição do Senhor e a primeira a ver Cristo mais tarde no mesmo dia quando o Mestre deu a ela a mensagem para entregar aos demais discípulos (Jo 20,1-18).
Depois disso, enfim, que sentido teria continuar vivendo nessa Terra? Todavia, após ter sido curada e os demônios terem sido expulsos por Jesus, Maria Madalena coloca-se a serviço do Reino de Deus, fazendo um caminho de discipulado, seguindo Nosso Senhor no amor e no serviço.
A partir deste encontro com Jesus Ressuscitado, Maria Madalena, a discipula fiel, continuou vivendo entre os apóstolos e discípulos, sendo um exemplo vivo das graças que o Senhor dispensou a ela, levando, em suma, uma vida de testemunho e de luta por uma santidade maior.
Santa Maria Madalena, a História de uma Virgem
Ademais, a tradição nos conta que juntamente com a Virgem Maria e o Apóstolo João, ela foi evangelizar em Éfeso. Analogamente, uma história que desde muito corre no Ocidente, diz que ela viajou para Provença, França, com seus irmãos Marta e Lázaro com mais outros discípulos para evangelizar Gaul.
Neste local ela passou 30 anos de sua vida na caverna de La Saint-Baume, nos Alpes Marítimos. Foi, aliás, milagrosamente transportada, pouco antes de sua morte, para a Capela de Saint-Maximin, onde recebeu os últimos sacramentos da Santa Igreja. Ela foi enterrada em Aix. Em Vazelay, entretanto, na França, todos afirmam que suas relíquias ali estão desde o século XI.
No Ocidente, contudo, o culto à Santa Maria Madalena propagou-se a partir do Século XII. Na arte litúrgica da Igreja ela é representada sobretudo com longos cabelos, segurando uma jarra própria para guardar óleos perfumados. Sua festa é celebrada no dia 22 de julho.
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Quando rezamos a Ladainha de Todos os Santos encontramos o nome de Santa Maria Madalena como a primeira das invocações das Santas Virgens. Decerto, isso não causa espanto a quem sabe que a Deus nada é impossível. Afinal, é a beleza da contrição e do perdão.
Com efeito, aquele que é capaz de “transformar as pedras brutas em Filhos de Abraão”, pode perfeitamente devolver a integridade a uma pecadora. E isso, sobretudo se ela arrependeu-se muito, se admirou muito, se amou muito. Como foi o caso dela.
Fonte: Bíblia Sagrada – Editora Ave Maria – São Paulo – 2008
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