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Sagrado Coração de Jesus e Maria

Logo após os dias da solenidade de Corpus Christi, a Igreja se alegra com duas festas. Do Sagrado Coração de Jesus, na sexta-feira após a oitava de Corpus Christi, e a do Imaculado Coração de Maria, no sábado seguinte. Duas festas que nos fazem amar e sermos amados por estes corações que, são unidos, são um só!

São João Eudes

São João Eudes, grande evangelizador, consagrou sua vida inteira às missões e à formação dos sacerdotes na França. Teve uma devoção fecundíssima aos Sagrados Corações de Jesus e de Maria. Impelido por um sopro da graça, explicitou com unção e sabedoria a ousada devoção que une num só os Sacratíssimos Corações do Redentor e de sua Mãe:

“Não sabeis que Maria nada é, nada tem e nada pode sem Jesus, por Jesus e em Jesus, e que Jesus é tudo, pode tudo e faz tudo n’Ela? Também não sabeis que é Jesus quem fez o Coração de Maria tal qual ele é, e quis fazê-lo uma fonte de luz, de consolação e de toda sorte de graças para aqueles que recorrem a Ela em suas necessidades?

Ou ainda não sabeis que Jesus não apenas reside e assiste continuamente no Coração de Maria, mas é Ele mesmo o Coração de Maria, o Coração de seu Coração e a alma de sua alma, e que, portanto, vir ao Coração de Maria é vir a Jesus, honrar o Coração de Maria é honrar Jesus, invocar o Coração de Maria é invocar Jesus?” (1).

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Um só Coração

De fato, foi Maria Santíssima quem trouxe à terra o Filho de Deus. A qual havia de redimir a humanidade pecadora. Quis Jesus ter junto de Si um Coração segundo o seu, isento de qualquer inclinação contrária a sua divindade. Foi o Coração de Maria que conservou todos os mistérios e todas as maravilhas da vida de seu Filho. Emprega assim inteiramente a sua capacidade natural e sobrenatural num exercício contínuo de amor a Jesus – o único objeto de todos os seus afetos.

Nada, em Jesus, passava despercebido a Maria. Fossem suas manifestações interiores ou exteriores, fosse sua humanidade ou divindade. Por meio desse amor, o próprio Jesus esteve sempre vivendo e reinando no Coração de sua Mãe: “Se alguém Me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e faremos nossa morada” (Jo 14, 23).

O Imaculado Coração de Maria não é invocado por São João Eudes como se tivesse movimentos próprios, mas como tendo se dissolvido inteiro no Coração Jesus, incapaz de refletir em si qualquer coisa que não seja o próprio Deus. Por isso, criou o ousado e inédito termo: o Sagrado Coração de Jesus e de Maria.

Uma devoção transformadora

Quando as almas se abrem a esta devoção, recebem graças transformadoras. Cabe a São João Eudes a glória de ter sido o primeiro a celebrar litúrgica e publicamente os Santíssimos Corações. Ao Coração de Maria compôs e celebrou uma Missa em 1648, e ao Coração de Jesus em 1672 – ambas com as devidas aprovações da autoridade eclesiástica e a presença de milhares de fiéis. Este gesto contribuiu na preparação para que o mundo recebesse a revelação desta sublime devoção, como a mais excelente dentre todas, enquanto manifestação do amor salvador de Jesus. Celebrando o Sagrado Coração de Jesus e Maria, nós rendemos homenagem Àquele que disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14, 6). Elee não ofereceu a seus filhos a promessa de bens passageiros, mas a vida eterna e o perdão de todos os crimes, mediante o derramamento de seu sangue na Cruz.

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Mais ainda: fez dos pobres filhos de Eva o objeto do seu afeto e ternura, desejou estabelecer com eles o seu reino reunindo a todos como a galinha junta os pintainhos debaixo das asas e declarou que suas alegrias consistiam em estar com os filhos dos homens.

É uma invocação completa e universal, destinada a regenerar a humanidade – como dizia São Pio X. Limpá-la de suas infidelidades e fazê-la gozar da plenitude de seus dons, conforme a promessa a Santa Magarida Maria: “Como te prometi, tu possuirás os tesouros de meu Coração e Eu te permito dispor deles segundo o teu beneplácito. Não sejas mesquinha, porque esses tesouros são infinitos” (2).


Obras consultadas:

(1) Pe. Jean-Michel Amouriaux, Pe. Paul Milcent, Saint Jean Eudes par ses écrits, Médiaspaul, Paris, 2001, p. 140.

(2) Pe. Gérard Dufour, Na escola do Coração de Jesus com Margarida Maria, Loyola, São Paulo, 2000, p. 19.