“É por amor às almas que sou Prisioneiro na Eucaristia”

 

«Eu sou o Bom Pastor. O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas” (Jo 10, 11)

“Bom Pastor”, que título doce e ao mesmo tempo forte, pois, se dizemos que alguém é bom, bondoso, damos a esta pessoa uma qualidade tão rara no mundo de hoje. Imaginemos a Última Ceia, momento em que Nosso Senhor celebra a primeira Missa. Que ato de bondade pode ser comparado a este? Cristo se dá em alimento aos homens. O Evangelho nos diz que Ele “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim.” (Jo 13,1).

O Sagrado Coração de Jesus, em uma das inúmeras aparições à Irmã Josefa Menendez (1890-1923) lhe dirigiu estas palavras: “É por amor às almas que sou Prisioneiro na Eucaristia. Ali permaneço para que possam vir com todas as suas mágoas consolar-se junto do mais terno e melhor dos pais e do Amigo que nunca as abandona. ”

Esta bondade de Jesus por nós, leitor, pode ser comparada à bondade de uma mãe por seu filho único. No sacramento da Eucaristia, Ele se dá inteiramente a nós e está ali, no sacrário, nos aguardando para conversar, pois ele nunca se cansa de nós. Mas por que ele faz isso?

 

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Deus não nos ama, nem tem essas atitudes de bondade, pelo fato de sermos bons, ou sermos santos. Ele faz isso porque nos ama e quer oferecer-nos o caminho para a santidade, nos dá a oportunidade de sentir o amor e a bondade que só Ele, Deus, pode nos oferecer. E mais! Ele nos convida a sermos assim com os outros. Ele dá a vida por suas ovelhas, e assim nos dá o exemplo. Como posso seguir?

A Irmã Genoveva da Santa Face, Irmã e Noviça de Santa Teresinha do Menino Jesus nos deixou relatos de diversos conselhos que recebeu da Santa. Ela nos relata isso:

Na enfermaria, onde trabalhei desde minha entrada no Carmelo, havia uma irmã, atacada de anemia cerebral crônica, cheia de manias, que tornava o ofício de enfermeira um contínuo exercício de paciência. Acontecia-me as vezes estar na outra extremidade do mosteiro e ser chamada pelo sino para lhe ouvir dizer: ‘Minha irmãzinha, distingo seu andar do de sua companheira.’

Uma vez, não podendo mais, cheguei banhada em lágrimas, junto a Irmã Teresa que me acolhei com ternura, consolou-me, encorajou-me. Contudo, era preciso voltar sempre a meu campo de batalha e muitas vezes dava uma grande volta, para não passar sob a janela da enfermaria, porque, vendo-me nas proximidades, a irmã doente fazia-me sinal para prestar-lhe algum serviço supérfluo. Por vezes passava rapidamente, abaixando a cabeça para não ser vista e guardando no coração uma certa amargura.

Irmã Teresa do Menino Jesus que conhecia a situação e no fundo, disse-me numa dessas circunstâncias: ‘Deveríeis passar de propósito diante da enfermaria, afim de ser chamada e, quando tiverdes as mãos ocupadas e não puderdes parar, respondei com amabilidade e com ar alegre, como se vos prestassem um serviço, prometendo voltar. O sino da enfermaria deveria ser para vós uma melodia celeste. Vede, ter belos e santos pensamentos, escrever livros, biografias de santos não valem um ato de amor de Deus nem a ação de atender ao sino da enfermaria, que tanto vos atrapalha. Quando vos pedirem um junto às enfermas que não são agradáveis, é preciso considerar-vos como uma escravazinha em quem toda gente tem direito de mandar e que não pensa em queixar-se, pois é escrava.”

 

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Respondi então:

–  Sim, mas muitas vezes ocupo-me com bobagens e é então que me ferve o sangue!

– Compreendo bem quando isso vos custa, mas se vísseis os Anjos que vos olham neste campo de batalha! Esperam o fim da luta para atirar-vos coroas e flores, como se fazia outrora aos valentes cavaleiros. Se queremos ser pequenas mártires, compete-nos ganhar a palma! e não penseis que nossos combates sejam sem valor: ‘O homem paciente vale mais que o forte e o que domina sua alma vale mais do que aquele que conquista cidades (Prov.16, 32)’.

Porém, após um dia de trabalhos penosos, parecia-me duro ir à noite levar algum alívio às Irmãs adoentadas. Então me queixei, e ela replicou: “Agora sois vós que levais xicarazinhas à direita e à esquerda, mas um dia, no Céu, será Jesus “quem irá e virá para servir-vos” (Lc 12,37)

Leitor, Estes conselhos de Santas Teresinha não lhe recordam alguns momentos em que você perdeu a paciência? Algum momento em que faltou a bondade?

“Eu sou o Bom Pastor”, somos boas ovelhas?

“O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas”, estamos dispostos a darmos a vida pelo irmão?

Vejamos o Santíssimo Sacramento no Altar. Ele se fez criança na manjedoura, a mais frágil criatura no mais humilde dos berços. Ele  se fez pão, o mais humilde dos alimentos. É uma bondade gigantesca, cheia de promessas, promessa de abrir o céu para nós.

A sua bondade para cada um de nós é imensa, o que falta ao leitor seguir este exemplo? Se falta algo, peça a Ele que assim disse a Irmã Josefa Menendez: “Se és um abismo de miséria, Eu sou um abismo de Bondade e Misericórdia! Meu Coração é teu Refúgio. (…) por maior que seja o número de tuas misérias, muito maior ainda é a Misericórdia de meu Coração!”

 

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