Os católicos adoram imagens?

O uso de imagens e quadros religiosos em igrejas e dentro de casa é muito difundido desde os tempos remotos. Contudo, a questão das imagens sagradas ainda costuma ser bastante polêmica; e na relação entre a Igreja e os protestantes, a polêmica se acirra mais ainda, porque essas pessoas, entre muitos outros erros, acham que os católicos adoram imagens, o que não é verdade.

Durante os 40 anos de peregrinação no deserto rumo à Terra Prometida, os judeus receberam de Deus inúmeras leis, normas e obrigações. Deus estabeleceu desde as leis supremas – o Decálogo – até detalhes do culto e regras de convívio, como a proibição de colocar um tropeço diante do cego, ou extorquir o estrangeiro.

Por que os católicos fazem imagens?

Dentre estes preceitos, encontra-se uma proibição formal: “Não farás para ti escultura, nem figura alguma do que está em cima, nos céus, ou embaixo, sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra” (Ex 20,5).

Por que, então, os católicos fazem imagens? Por que em todas as igrejas do mundo há estátuas de Maria, dos Santos e dos Anjos? Os católicos adoram as figuras de outros homens? Isso não é desobediência a Deus?

Diferença entre veneração e adoração

Os católicos não adoram imagens.

Numa discussão, o primeiro passo é precisar os termos, e por isso, de início, é necessário distinguir entre adorar e venerar.

Adoração é um ato de culto que se presta somente a Deus. Nem sequer a Virgem Maria, a mais sublime das criaturas saídas das mãos do Altíssimo, pode ser adorada. Não podemos adorar nem mesmo nossos pais. É claro que uma criança que diz “eu adoro meu pai” não comete uma falta, pois, na realidade, o que ela quis dizer é que “ama muito seu pai”. Por extensão, podemos dizer que adoramos algo ou alguém que nos agrada. Mas nem por isso somos idólatras ou politeístas.

Receba em sua casa a Medalha de São Bento! Clique aqui!

Veneração, segundo o dicionário Houaiss, é: dedicar reverente respeito e deferência a, ter grande consideração por. Ou seja, qualquer pessoa que, a algum título, é digna de respeito, pode ser venerada. Eu posso e devo venerar os meus pais, como também devo consideração e deferência por alguma autoridade civil ou religiosa.

Quem pode ser venerado?

Os Santos, enquanto modelos e exemplos, pessoas que durante a sua vida deram mostras de virtude e boa conduta moral, são dignos de respeito e veneração. Eles podem ser venerados.

Quando veneramos alguém, gostamos de recordá-los. É por isso que temos conosco fotografias das pessoas que amamos.

Por que não podemos fazer imagens, pinturas ou esculturas dos santos que veneramos e amamos? A Bíblia não nos proíbe?

Receba em sua casa a Medalha de São Bento! Clique aqui!

Adorar uma imagem é fazer dela um ídolo (em grego, εἴδωλον, eidolon), algo (objeto ou criatura) que é colocado no lugar de Deus, ou seja, um falso deus, e a Igreja em seus 2.000 anos de história nunca ensinou tal prática. Para nós católicos, as imagens não têm o mesmo significado que tinham para os pagãos, que as consideravam realmente como deuses. Nós não as adoramos e sabemos perfeitamente que são representações, seja de Cristo, seja de alguma criação de Deus.

Deus condena a idolatria. Mas seria lícito para um cristão confeccionar ou possuir imagens?

Por que Deus proibiu as imagens na Bíblia?

Quando alguém argumenta contra os católicos com citações da Bíblia, é bom conhecer bem o contexto do trecho mencionado. Afirmações soltas e incompletas, sem explicações, podem ter significados diferentes e enganosos, assim como uma frase retirada a esmo de uma receita pode gerar catástrofes culinárias. O que diz o Êxodo, em sua integridade, sobre as imagens?

“Eu sou o Senhor teu Deus, que te fez sair do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de minha face. Não farás para ti escultura, nem figura alguma do que está em cima, nos céus, ou embaixo, sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra. Não te prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto” (20, 2-6a).

Receba em sua casa a Medalha de São Bento! Clique aqui!

A proposição inteira deixa claro que Deus quer preservar seu povo da idolatria. Proibir a fabricação de imagens era um modo de evitar que os judeus caíssem no culto do “bezerro de ouro”, aqueles deuses que eram “obra de suas mãos”.

Deus mandou fazer diversas esculturas

Ora, o mal condenado por Deus é a idolatria, um mal em si. Fazer imagens, não.

A lei judaica positiva – ou seja, aquelas regras de conduta que legislam sobre atos que não são intrinsicamente bons ou maus –  foi ab-rogada pelo Evangelho, como explica São Paulo (Rm 8,1-2; Gal 3,23-25). E é por isso que os cristãos podem, sem receio, venerar imagens.

Aliás, se o fato de esculpir uma estátua é errado em si, por que Deus mandou fazer uma serpente de bronze? Ou, então, por que ele mandou fazer dois serafins para encimar a Arca da Aliança? Por que o Templo era ornado com diversas esculturas? (Cf. Nm 21,9; Ex 25,13; Ez 1,5; 10,20; 1 Rs 6,18; 7, 36; Nm 8,4).

Querubins de Ouro

“O Senhor disse a Moisés: […] Farás dois querubins de ouro; e os farás de ouro batido, nas duas extremidades da tampa, um de um lado e outro de outro, fixando-os de modo a formar uma só peça com as extremidades da tampa. Terão esses querubins suas asas estendidas para o alto, e protegerão com elas a tampa, sobre a qual terão a face inclinada. Colocarás a tampa sobre a arca e porás dentro da arca o testemunho que eu te der. Ali virei ter contigo, e é de cima da tampa, do meio dos querubins que estão sobre a arca da aliança, que te darei todas as minhas ordens para os israelitas.” (Ex 25, 1. 18-22)

“Farás o tabernáculo com dez cortinas de linho fino retorcido de púrpura violeta, púrpura escarlate e de carmesim, sobre as quais alguns querubins serão artisticamente bordados.” (Ex 26, 1)

“Fez dois querubins de ouro, feitos de ouro batido, nas duas extremidades da tampa, um de um lado, outro de outro, de maneira que faziam corpo com as duas extremidades da tampa. Esses querubins, com as faces voltadas um para o outro, tinham as asas estendidas para o alto, e protegiam com elas a tampa para a qual tinham as faces inclinadas. “(Ex 37, 7-9)

A Serpente de Bronze

Neste próximo exemplo, Deus quis agir por intermédio de uma imagem, uma serpente de bronze, ordenando que Moisés a fizesse:

“e o Senhor disse a Moisés: “Faze para ti uma serpente ardente e mete-a sobre um poste. Todo o que for mordido, olhando para ela, será salvo.” Moisés fez, pois, uma serpente de bronze, e fixou-a sobre um poste. Se alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, conservava a vida.” (Nm 21, 8-9)

Note que Deus não só permitiu o uso da imagem, como também a utiliza para o seu serviço. É importante distinguir bem a diferença entre a idolatria de imagens, com a confecção de imagens, pois é exatamente neste ponto onde muitos interpretam as escrituras por seu próprio juízo e fazem confusão. Enquanto Deus proíbe a adoração de imagens, o próprio Deus ordena a confecção de imagens em diversas narrações bíblicas já citadas acima. A seguir, podemos observar bem a diferença entre usar a serpente de bronze conforme Deus ordenou e adorar a serpente de bronze, caracterizando assim, o pecado da idolatria:

“Destruiu os lugares altos, quebrou as estelas e cortou os ídolos de pau asserás. Despedaçou a serpente de bronze que Moisés tinha feito, porque os israelitas tinham até então queimado incenso diante dela. (Chamavam-na Nehustã).” (II Rs 18, 4)

Receba em sua casa a Medalha de São Bento! Clique aqui!

Fizeram da serpente de bronze um ídolo, um falso deus. Na continuação dos mesmos textos bíblicos, vemos que essa geração idólatra vivia na total desobediência:

“Assim aconteceu porque eles não tinham escutado a voz do Senhor, seu Deus, mas tinham quebrado a sua aliança, recusando-se a ouvir e executar o que ordenara Moisés, servo do Senhor.” (II Rs 18, 12)

Observemos que a serpente de bronze foi a primeira imagem que nos remetia a nosso Senhor Jesus Cristo, conforme escrito no novo testamento:

“Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do Homem, para que todo homem que nele crer tenha a vida eterna.” (Jo 3, 14-15)

A arte a serviço de religião

Portanto, não é errado fazer imagens religiosas e não pecam aqueles que as veneram. Os católicos que rezam aos santos sabem que caminham numa estrada segura rumo aos céus, porque eles já nos abriram uma trilha. Basta seguirmos seus passos.

Cabe à arte se colocar ao serviço da religião para que desta feliz união nasçam novas obras-primas de cultura e civilização.


Ajude-nos a continuar nosso trabalho de evangelização em todo o Brasil!